sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Recebido no nosso "inbox"

O mês de Dezembro de 2008 surgiu como tantos outros...eu até me sentia fantástica nos meus 53 anos....segura...com muita vida...apenas algo cansada.

Eis que num domingo de manhã casualmente detecto um gânglio na axila....fiquei assustada e fui ao centro de saúde...aparentemente podia ser um gânglio inflamado, ...porém a partir daí não parei e os exames habituais surgiram até ao diagnóstico da biópsia de carcinoma ductal invasor....os meus dias desde o gãnglio até ao diagnóstico foram serenos e sinto que a presença de Deus na minha vida me ajudou. Conhece-me as "pegadas na areia"? Sim, Deus estava lá quando eu mais precisei e não tive medo. A minha preocupação foi dizer à minha família e interromper a minha actividade profissional....esqueci-me de mim no que se refere a medo ou insegurança. Desde logo pensei que era algo que eu tinha de viver e aceitar pela positiva. Entreguei-me na mãos dos médicos, com confiança e senti que tinha muita gente à minha volta, a rezar, a pedir por mim, cada qual com as suas energias...mas que eu sabia que eram positivas. A cirurgia correu bem, remoção do tumor com esvaziamento da axila... o braço não teve sequela e ao fim de 3 semanas já me deixaram conduzir. Voltei a ganhar a minha autonomia. Usufrui do meu tempo livre e os amigos não me largaram. Mas também chegaram expressões de afecto inesperadas. E com tudo isto as minhas energias iam acumulando. Veio depois a quimioterapia, e os sintomas não apareceram. O cabelo caiu (mas também não me incomodou) mas a minha peruca era espantosa - enganou toda a agente. Depois veio a radioterapia (25 sessões). Correram bem e agora aguardo as próximas sessões de quimioterapia. Isto é o meu relato até agora. Aprendi a não perspectivar o futuro mas sim a dar o meu testemunho passado e o meu testemunho diário.

Aprendi a dar graças a deus todos os dias, inclusive a dar graças por esta doença, que de ser tão vulgar tem mais hipóteses de evoluir. Aprendi também que se falarmos abertamente sobre a nossa doença vamos adquirindo forças e vamos dando segurança aos que nos rodeiam e sobretudo a outras mulheres que possam vir a passar por uma situação semelhante. Sim, porque mesmo fazendo check-up as coisas acontecem...e não é só aos outros. Portanto se formos contemplados, é algo que não podemos recusar.

Então eu digo que esta é a minha viagem, em que carrego uma mochila às costas,ela é pesada, e eu não vejo o que carrego. Porém sei que tenho de carregá-la, mas isso não impede de eu continuar a andar para a frente, e isso também não me impede de ir tirando as pedras do caminho para poder andar melhor.. Sei que esta minha caminhada conto com a presença de Deus, conto comigo e com todos aqueles que me amam. Desejo a todas as minhas "amigas de peito"que tenham a força que eu tenho tido até agora.

Sem comentários: